quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Como tudo começou...

Caros leitores,

Após um longo processo de seleção, terei a oportunidade de cursar um ano de minha graduação em Engenharia de Controle e Automação nos EUA, mais precisamente na Santa Clara University, a mais antiga instituição de ensino superior da Califórnia, no coração do Vale do Silício. 


Entretanto, esta jornada não é tão recente assim. Tudo começou em setembro de 2011, quando me inscrevi, através do Instituto Federal Fluminense, para um dos primeiros editais do programa Ciência sem Fronteiras. Naquele momento, não tinha certeza sobre o meu destino. A única certeza que tinha era que queria estudar no exterior. Fui aprovado, mas infelizmente este primeiro edital não deslanchou devido a inúmeros obstáculos. 



Em janeiro de 2012, surgiu uma outra oportunidade: um novo edital foi lançado e, ao menos desta vez, as informações se tornaram mais claras. Era possível escolher entre França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Como o prazo de inscrição foi curtíssimo e o teste de proficiência em inglês (TOEFL) já havia sido marcado por conta do primeiro edital, não tive dúvidas. Era o início de um processo que duraria quatro meses...



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Primeiramente, o que é o programa Ciência sem Fronteiras? 

"Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.
O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no Programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior."


Este espaço ressurge com um novo propósito: registrar e compartilhar alguns momentos de minha viagem aos Estados Unidos da América pelo programa acadêmico Ciência sem Fronteiras. O intercâmbio terá início no dia 9 de setembro.

sábado, 22 de janeiro de 2011

De Cecília de Castro Magalhães para João Humberto Albernaz de Alcântara

                                                           Petrópolis, 29 de Setembro de 1960

    Eu queria que fosse de outra maneira, e de preferência, em um momento mais inspirado, mas este pode não ser o momento mais inspirado, mas é o momento em que há coragem. É péssimo, mas esta é a primeira vez em que  tendo tomado a resolução reuni os meios para levar a cabo o que tanto ando adiando.
    Então vamos ao assunto. Que coisa, João Humberto, sabe quantas vezes escrevi, em um papel mesmo, sem ter meio de fazer chegar a você e arrependendo-me logo em seguida, mensagens como esta que variavam de forma, mas nunca quanto ao conteúdo?
    Enfim, João Humberto, eu fui apaixonada por você, realmente não sei se ainda sou, pois este é um sentimento que tem morrido e renascido muitas vezes. Eu nunca contei antes porque me avalio incorrespondida. Mas tendo visto tanta gente inteligente entregar-se a insensatez de prestar-se a esta confissão sem nenhuma causa racional para acreditar ter sucesso, resolvi que faria o mesmo. Sei que morrerei de vergonha depois, e o maior de todos os medos: perder você.
      Perder-te. Sem nem mesmo sua amizade, ou apenas um vulto da amizade anterior. Sem poder falar com você, com respostas cada vez mais curtas, cada vez mais distantes. Eu sei que toda atenção que me der será sempre pouca. Mas que faria sem a que eu tenho?
   Antes eu gostava de você porque achava que tínhamos os mesmos interesses, portanto poderíamos ser parecidos. Mas que nada, dentro das semelhanças nos gostos, os abismos da diferença. Gostamos de Filosofia, mas você de São Tomás de Aquino, Alta Idade Média. Gostamos de Literatura, mas você de Machado de Assis. E eu? Drummond. Sou passional, solitária, apaixono-me e é uma "entrega ilimitada a uma completa ingratidão". Será assim, não é?
E por fim gostamos de História, esta, João Humberto, não posso comentar, é repleta de encantos, não vou censurar-te por gostar de Antiga. A Antigüidade guarda muitas belezas. Mas disto posso falar depois se você ainda se dispuser a ouvir ou ler.
     Mas, a verdade, é que não posso explicar porque gostar de você, não há razão, nunca há. Mas não pense que nunca fui sua amiga, o que me atormentaria seria não o ser. E não falo de agora, houve um tempo em que eu precisava tanto ter contato com você ou ver você em algum lugar simplesmente. Ficava com uma saudade selvagem. Mas eis que não nos escrevemos, rompe-se o frágil contato e aí vou falando menos, pensando menos, parando de lembrar... até esquecer. E aí você vai à minha casa, critica meus modos, minha roupa, minhas coisas e eu absurdamente me apaixono outra vez. Mas tendo a certeza inequívoca que você não sentia nada. Triste, não?
     Depois vou para Petrópolis, e aí eu não sei João Humberto, não sei o que será de mim, ainda não tenho outra vida. E nem sei mais o que sinto por você. Mas não me negue aproximar-me de você.
Você, sem querer, foi quem me escreveu no momento em que eu mais precisava de alguém, no primeiro dia lá, e que você não sabia, eu tinha chorado na noite anterior, e passado o dia fugindo nos museus, com uma tristeza imensa e sem vontade de voltar para o pensionato, mas eis que eu volto e vejo uma carta. Entende? Você, sem querer, fez muitas coisas por mim. Teve e tem uma importância que você igualmente ignora.  
     Não me negue que eu faça parte de sua vida. Você não me escreve, mas escrever para você apascenta meu furor literário, eu não sei se você reparou, mas gosto e tenho necessidade de escrever.
    E ando triste, hoje chorei outra vez sobre minha mãe contando que não ando bem por aqui. Mesmo com a cidade sendo maravilhosa, mesmo com a ajuda das meninas do pensionato, não estou bem. Cadê a minha vida? Estou fracassando em fazer de minha vida, minha. Pois onde estão as pessoas que eu amo? Todas longe. Estou detestando contar isso também, mas é que, João Humberto, eu gosto de dividir minha vida com você. Contar-te o que acontece é um meio de fazer-te mais próximo. Mas tenho medo que fique com pena de mim, achando-me uma coitada. Mas você sempre foi meu amigo. Um maravilhoso amigo, sabia?
      Chega. Já me alonguei demais.

                                                                          Um beijo,

                                                                          C. de C. M.